Cálcio e a vitamina D agem no equilíbrio dos hormônios feminino*
Entre as medidas contra o desconforto generalizado, a alimentação é decisiva — confirmam cientistas da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos. Ao longo de dez anos, eles compararam a dieta de 1 968 mulheres assintomáticas (que não sofriam nada às vésperas de menstruar) com a de outras 1 057 típicas vítimas de TPM. E concluíram: a incidência de sintomas foi menor nas que consumiam regularmente leite, queijo, iogurte — ótimas fontes de cálcio —, além de suco de laranja fortificado com vitamina D (nos Estados Unidos, a bebida muitas vezes é enriquecida com esse nutriente).
"A ingestão de cálcio equivalente a quatro copos de leite por dia proporciona um risco 30% menor de desenvolver TPM", revelou à SAÚDE! a professora de epidemiologia Elizabeth Bertone-Johnson, coordenadora da pesquisa. "Estudos anteriores já apontavam que algumas mulheres com TPM têm deficiência de cálcio e outras apresentam taxas muito altas de substâncias relacionadas ao aproveitamento desse mineral", diz. A ginecologista Márcia Gaspar Nunes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), assina embaixo: "O cálcio alivia contrações musculares e, conseqüentemente, as cólicas", exemplifica.
A vitamina D, no caso, é ótima coadjuvante, pois favorece a absorção do mineral pelo organismo. No Brasil, como os produtos fortificados não são comuns, os peixes podem entrar no lugar deles, fornecendo a vitamina — embora em dosagens menores do que as encontradas nos sucos consumidos pelas americanas.
As últimas estatísticas revelam — e o trabalho de Massachusetts confirma — que nove em cada dez mulheres apresentam algum sintoma da TPM. A síndrome foi destaque no I Congresso Internacional de Nutrição e Clínica Funcional, que aconteceu em São Paulo. A ginecologista Maria Elizabeth Ayoub, especialista em nutrologia e terapia biomolecular, falou sobre a importância do fígado na regulação dos hormônios. "Uma sobrecarga de toxinas, gorduras ou álcool impede a fabricação de substâncias essenciais e a eliminação natural de outras que, em excesso, prejudicam o organismo na TPM", justifica a pesquisadora.
Para fazer uma boa faxina no fígado, Maria Elizabeth Ayoub recomenda alimentos ricos em enxofre, como alho, cebola, alho-poró, cebolinha e também aqueles da família dos crucíferos, como brócolis, repolho, couveflor, nabo, agrião e alcachofra. E, claro, tem que reduzir a ingestão de álcool, gordura, açúcar e cafeína — pratos cheios para a produção de toxinas. Esse tipo de ajuste no cardápio também evita a formação de compostos inflamatórios, que contribuem para o desconforto desse período crítico feminino.
Não se pode esquecer do intestino, o grande responsável por expulsar boa parte do que não é aproveitado pelo corpo. "É essencial manter o seu ritmo de trabalho, consumindo grãos integrais, líquidos, frutas, legumes e verduras", ensina Elizabeth. "Esse hábito previne a prisão de ventre e impede a reabsorção dos hormônios que precisam ser eliminados na fase pré-menstrual."
Esses conselhos, que no fundo visam a desintoxicação do organismo, valem para toda e qualquer mulher. Dependendo dos sintomas mais freqüentes na TPM, ela pode acrescentar ao prato determinados alimentos, montando cardápios específicos para os sete, dez dias que antecedem a menstruação.
"Alguns nutrientes são fundamentais porque estimulam a produção de neurotransmissores, como a dopamina, a endorfina e a serotonina", exemplifica a ginecologista Márcia Gaspar. Eles ajudam a equilibrar as oscilações de humor que acompanham a gangorra dos hormônios femininos.
* matéria publicada na revista Boa Forma
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