Colesterol alto, hipertensão, resistência a insulina: doenças de adultos vão se tornando cada vez mais frequentes nos consultórios pediátricos por causa da obesidade, que avança perigosamente entre os pequenos. Família, escola e governo precisam somar forças para evitar que a próxima geração seja campeã em problemas cardiovasculares
Nas escolas públicas, o quadro também é grave: 23% dos estudantes têm sobrepeso. As estatísticas são de 2002, mas continuam atualíssimas, segundo os especialistas. Dados do IBGE mostram que em 30 anos o número de brasileirinhos obesos triplicou. O aumento é observado sobretudo nas zonas urbanas das regiões Sul e Sudeste e em alguns locais do Nordeste.
Um estudo coordenado por Fisberg radiografou a alimentação de crianças de 2 a 6 anos de creches públicas e privadas de nove cidades em 2007, revelando um cenário alarmante: uma em quatro está acima do peso e, de cada dez, uma já é obesa. Por causa da obesidade, cada vez mais os pequenos apresentam distúrbios que só apareciam na idade adulta: pressão alta, colesterol elevado, resistência à insulina (que precede o aparecimento de diabetes) e apneia do sono (breves interrupções da respiração que atrapalham o descanso).
Segundo cálculos da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade, 60% das crianças entre 6 e 12 anos acima do peso já apresentam pelo menos um fator de risco para doença cardiovascular, o que tende a reduzir sua expectativa de vida. Não deixa de ser irônico. Afinal, graças aos avanços da medicina, essa geração poderia viver até os 100 anos. “O maior desafio da pediatria neste milênio é a prevenção das doenças crônicas”, afirma Durval Damiani, chefe da Endocrinologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP. Caiu por terra o velho conceito de que a obesidade se resolve com o crescimento: “Estamos diante de um grave problema de saúde pública. Ou tratamos já ou em 20 anos os hospitais estarão abarrotados de pessoas sofrendo complicações do excesso de peso”, adverte ele. Isso sem contar os danos psicológicos por causa da discriminação dos colegas.
fonte: Revista Claudia - leia +
ilustração: Da internet
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